terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Guerra Fria Tão Sangrenta Quanto À Chacina da Chatuba de Mesquita


O noticiário nacional têm sido recheado de atualizações sobre a chacina na Chatuba de Mesquita - RJ. A barbaridade provoca comoção como tantas outras já acontecidas aqui nesse estado e dá lugar a um sem-número de debates e reflexões sobre causas, prevenção e combate a esse tipo de episódio. Creio que seria muito, mas muito saudável se as denominações evangélicas se propusessem ao mesmo, isto porque aponto com propriedade, prezado leitor, uma outra guerra que acontece ali e em vários outras comunidades da periferia. Uma guerra tão sangrenta quanto essa que passa nos telejornais, que deixa tantos mortos e feridos quanto, porém, uma guerra fria e silenciosa.

É confuso compreender como pode acontecer tanto derramamento de sangue inocente num lugar onde o número de templos evangélicos só perde, talvez, para o número de botecos. Não tenha dúvidas, um dia, tendo oportunidade de andar por aquelas ruas... é de chamar atenção de qualquer um. Uma, duas, três, quatro denominações numa mesma rua. Às vezes, porta à porta, uma de frente para a outra e, no entanto, irmãos mal se cumprimentam, mal se olham. O aparente avivamento esconde uma guerra de vaidades e a real intenção dos corações.

Noutra oportunidade, ouvi um relato de um irmão numa certa comunidade do RJ acerca do evento evangelístico de sua igreja. "Rapaz, aqui tem muita igreja, muita igreja mesmo. Mas, o que acontece? Embora seja comunidade, tem muita gente de situação legal por causa do comércio. Então, quando um cara desse se converte dá um levante na igreja porque o dízimo é alto. Aí, normalmente, o pastor fica com medo de se misturar com as outras igrejas pra não perder ovelha. Para esse evento aqui, nós entramos em contanto com a................. [denominação grande]. Entregamos um ofício ao pastor e também em cada templo daqui convidando para o evento. Não veio ninguém, não tivemos resposta. Alguns acham que a gente quer se aparecer, então, preferem não se envolver porque o nome da igreja deles não ia sair na faixa".

Isso não aconteceu em 1238 dC. Aconteceu meses atrás, acontece a cada fim-de-semana em cada gueto qualquer desse Brasil. Enquanto uns botam a mão na massa, dão a cara à tapa literalmente, por vezes, em condições precárias, outros preferem se trancar. Fechados no seu "Carrossel Gospel". Véio, eu vi, ninguém me contou, uma igreja fazendo um culto ao ar livre e passar irmãos que simplesmente não cumprimentaram quem estava ali só porque são de outra denominação... petulância! Indiferença! Egoísmo que faz os mortos dessa guerra fria. Antes portando a Bíblia Sagrada, agora, um pistola automática pelas esquinas. Não dá pra dizer que saíram do Reino, apenas trocaram de império.

Aí, acontece uma tragédia como essa na Chatuba e se parte pro amarrar o capeta e o satanás e clamar e... daqui a dois meses, tudo volta ao normal. Indiferença. Prepotência. Orgulho. Falta de compaixão que pouco se importa com sangue inocente derramado, pois do contrário se envolveria na causa. Seja no fronte, seja na retaguarda, o que precisamos é apenas caminhar de mãos dadas. Veja só, um pr. faz um trabalho tremendo em certa localidade e pediu há meses a compra de uma simples mesa de ping-pong para os adolescentes, especialmente os que estavam saindo de influências ruins e vindo para a igreja. Até agora não conseguiu porque pediram para se fazer uma assembléia, será que vai ser boa coisa uma mesa de ping-pong na igreja? Será que não é o mundo entrando na igreja...? Blábláblá.... Esses doutores da lei só podem estar de satanagem! Sa-ta-na-gem!

A gente vive se matando irmão, por quê? Não me olha assim eu só igual a você...1 e se você já entendeu isso, junte-se aos que estão dispostos a profetizar sobre o vale de ossos secos! Ore por esses que muitas vezes são o alvo do açoite da língua e que apesar dessa guerra fria continuam caminhando e cantando e seguindo a canção2. Aqueles que já estão dando assistência às famílias enlutadas, que praticam a verdadeira religião e que dia-a-dia, silenciosa e anonimamente, cuidam dos órfãos e das viúvas.

Permaneçamos firmes!


Muros
(Oficina G3)

Muros de pedra, muros de orgulho
Que nos separam, e nos envergonham
Muitos já caíram, outros ressurgiram

Muitos preconceitos, muitos já desfeitos
Muitos insistem em existir
Oculto em nossos dias, há uma guerra fria
Vitimas que ninguém vê

Caiam os muros, tirem as pedras
Nossa unidade não é real
Se a verdade é o que pregamos
Porque erramos não sendo um?

Muitos se defendem, escondem a fraqueza
Atrás de mentiras
Que encobrem quem realmente são
Muros que nos envergonham


Notas:

1. Verso da música Fórmula Mágica da Paz, Racionais Mc's.


2. Verso da música Canção do Exílio, Geraldo Vandré.



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